Meu diário FIV: como foi cada etapa até o positivo

Durante muito tempo, eu evitei escrever esse texto. Não porque não quisesse compartilhar — mas porque reviver cada passo da minha jornada pela Fertilização In Vitro (FIV) ainda me trazia um turbilhão de emoções. Mas hoje, com meu coração mais tranquilo e o tão sonhado positivo nas mãos, eu entendo que contar minha história pode ser justamente o abraço que outras mamys precisam agora.

Eu optei pela FIV depois de anos de tentativas frustradas, diagnósticos inconclusivos e um cansaço emocional que me fazia questionar se a maternidade realmente seria possível para mim. Quando ouvi pela primeira vez a palavra “infertilidade”, algo dentro de mim quebrou. Mas foi também ali que eu renasci com uma nova força: a de lutar pelo meu sonho com tudo o que eu tinha. Foi assim que encontrei na FIV não apenas uma técnica, mas uma chance real.

A Fertilização In Vitro é um processo em que o óvulo é fecundado pelo espermatozoide fora do corpo da mulher, em laboratório, e depois transferido para o útero. Parece simples dito assim, mas por trás dessa descrição existe um caminho intenso, cheio de exames, hormônios, esperas angustiantes — e também momentos de esperança que aquecem a alma.

Se você está iniciando esse caminho, saiba que não está sozinha.

Neste relato, vou abrir meu diário e compartilhar cada etapa da FIV com sinceridade e carinho — desde a decisão inicial até o dia em que ouvi aquele “positivo” que mudou minha vida. Se eu puder acender uma luz no seu processo, já valeu a pena dividir tudo isso.


Antes de tudo: a decisão pela FIV

A decisão de fazer uma FIV não acontece de um dia para o outro. Ela nasce aos poucos — entre testes negativos, ciclos de esperança que se transformam em frustração, consultas médicas que parecem não trazer respostas claras, e aquela dor silenciosa que só quem sonha em ser mãe entende.

No meu caso, essa decisão veio depois de longos meses tentando engravidar naturalmente, enfrentando cada menstruação como um lembrete cruel de que o sonho ainda não tinha se realizado. Fiz todos os exames possíveis, mudei minha alimentação, testei chás e técnicas naturais, meditei, chorei. E ainda assim, o positivo não vinha.

Foi depois de um diagnóstico de baixa reserva ovariana que a realidade bateu forte: talvez o caminho para a maternidade não fosse o tradicional. Talvez fosse mais técnico, mais planejado, mais assistido. E tudo bem. Depois de muitas conversas com meu parceiro e com médicos especialistas, decidi que não dava mais para esperar — era hora de agir.

Confesso que tive medo. Medo do processo, dos custos, da possibilidade de não dar certo. Mas também tinha esperança. E era ela que eu escolhia alimentar todos os dias. Quando fechei o contrato com a clínica, saí de lá com lágrimas nos olhos e o coração apertado, mas também com uma certeza: eu estava dando o primeiro passo para realizar o maior sonho da minha vida.

Essa etapa é marcada por um mix de sentimentos: alívio por finalmente ter um plano, insegurança diante do desconhecido, e uma força interior que só desperta quando a gente está disposta a lutar com tudo o que tem.


Etapa 1: Exames e preparações iniciais

Assim que decidimos seguir com a FIV, fui mergulhada num novo universo — onde o corpo precisa ser lido, compreendido e preparado com precisão. Essa etapa inicial, embora pareça apenas “técnica”, mexeu muito comigo emocionalmente.

Vieram os exames hormonais, as ecografias transvaginais em dias específicos do ciclo, as análises do útero, as avaliações do sêmen do parceiro, os testes genéticos… cada resultado parecia uma nova peça de um quebra-cabeça. E em paralelo, meu emocional tentava se manter firme.

A preparação também envolvia ajustes no estilo de vida. Comecei a tomar vitaminas indicadas pela médica, mudei a alimentação, reduzi o café, evitei álcool. A clínica recomendava também atividades que ajudassem a equilibrar o estresse — meditação, caminhada, boa qualidade do sono. Eu tentava seguir tudo à risca, sentindo que cada detalhe podia fazer a diferença.

Nessa fase, comecei a entender que a FIV não é só um tratamento físico. É um compromisso emocional com você mesma. Você entra em um ritmo onde tudo gira em torno do seu ciclo, do seu corpo, da resposta aos hormônios. E é fácil se perder nisso — por isso, tentei me lembrar o tempo todo: eu sou mais do que esse processo.

Foi um período de muitas idas à clínica, de esperança renovada a cada consulta, mas também de ansiedade em alta. Eu queria muito que tudo desse certo, e cada resultado, cada novo passo, me aproximava (ou parecia me afastar) do meu sonho.

Essa fase pode parecer “só preparação”, mas para mim, foi o início real da transformação. Foi onde entendi que a jornada seria intensa — mas também profundamente reveladora.


Etapa 2: Estimulação ovariana

Chegar na fase da estimulação ovariana foi como pisar num terreno novo, mesmo depois de tudo o que eu já tinha vivido até ali. Aqui, o corpo começa a ser literalmente “guiado” pela medicina para fazer o que, por meses ou anos, ele tentou fazer sozinho e não conseguiu.

Recebi uma caixa com seringas, canetas aplicadoras e hormônios — e, junto com ela, um misto de medo e esperança. Eu, que sempre tremia só de ver uma agulha, estava prestes a me aplicar injeções todos os dias, no mesmo horário, por tempo indeterminado. E eu fiz. Um dia após o outro.

As primeiras aplicações vieram com insegurança. Será que apliquei certo? Será que vai dar reação? Será que meu corpo vai responder bem? Mas a cada nova picadinha na barriga, eu lembrava: “isso é por você, pelo seu sonho, pela sua família que está sendo gerada em silêncio.”

Os efeitos colaterais apareceram logo: inchaço, cólicas, cansaço, sensibilidade extrema. O humor oscilava, o corpo doía, e a mente oscilava entre fé e medo. Mas ver nos exames os folículos crescendo — um, dois, cinco, oito! — me dava forças. Eu me sentia fértil de novo. Capaz. Viva.

Durante essa fase, a frequência na clínica aumentou. Ultrassons em dias alternados, ajustes na dosagem dos hormônios, exames de sangue. Minha vida entrou em compasso com a rotina da estimulação. Planejar qualquer outra coisa parecia impossível, porque tudo — tudo mesmo — girava em torno de como meu corpo estava respondendo.

E, emocionalmente, foi uma montanha-russa. Tive dias em que chorei no carro voltando da clínica, achando que não estava funcionando. Tive outros em que sorri sozinha, olhando o exame e imaginando cada folículo como uma pequena esperança.

O mais difícil foi lidar com o invisível: ninguém vê o que você está passando por dentro. Por fora, você parece normal. Mas por dentro, seu corpo está em guerra — e seu coração, em oração.

Essa fase me ensinou que ser forte não é sobre não sentir dor — é sobre continuar mesmo com medo. E eu continuei. Porque ali, dentro de mim, alguma coisa já dizia que o melhor ainda estava por vir.


Etapa 3: A punção dos óvulos

Depois de dias de hormônios, injeções e ultrassons, chegou o momento que parecia tão distante quando tudo começou: a punção dos óvulos. Eu lembro da noite anterior como se fosse hoje. Mal dormi. A cabeça não parava. Era como se eu estivesse prestes a viver a cena mais importante de um filme que eu mesma escrevi.

Na clínica, fui recebida com aquele misto de acolhimento técnico e carinho profissional que só quem trabalha com reprodução assistida sabe oferecer. Me troquei, deitei na maca e esperei pela sedação. E ali, sozinha, com o coração acelerado e o corpo cansado, fiz minha última oração antes de dormir: “que venham óvulos bons, saudáveis e prontos pra dar vida ao meu sonho.”

Acordei com a voz do anestesista me chamando suavemente. Estava feito. Ainda zonza, ouvi a médica dizer: “conseguimos coletar 7 óvulos”. Meus olhos encheram de lágrimas. Sete pode parecer pouco para alguns, mas pra mim, eram sete chances. Sete possibilidades. Sete sementes da esperança que tanto me sustentou.

O pós foi tranquilo, mas com um leve desconforto abdominal e aquele cansaço do corpo que vem quando a adrenalina baixa. Fiquei de repouso pelo resto do dia, com a alma aquecida. Senti que estava entregando o melhor de mim por esse sonho — e isso me encheu de orgulho.

Em casa, comecei outra espera: saber quantos óvulos eram maduros, quantos seriam fertilizados, quantos se desenvolveriam. A punção, em si, não foi o fim de uma etapa — foi só o começo de uma nova montanha-russa emocional.

Mas ali, naquele dia, algo mudou em mim: eu me senti vitoriosa. Não pelo número, não pelo procedimento — mas por ter chegado até aqui. Por não ter desistido. Por ter atravessado todas as fases anteriores com o coração inteiro.


Etapa 4: Fertilização e cultivo embrionário

Depois da punção, a vida entra num novo ritmo — e a espera começa a doer de um jeito diferente.

Acordei no dia seguinte com o celular na mão, esperando ansiosamente a ligação da embriologista. Eu precisava saber: dos 7 óvulos coletados, quantos eram maduros? Quantos conseguiram ser fertilizados? Quantos estavam vivos ali, se desenvolvendo fora de mim?

A ligação veio: 5 óvulos estavam maduros, 4 fertilizaram com sucesso.
Naquele momento, respirei fundo. Quatro embriões. Quatro possibilidades. Quatro pequenos começos.
E aí, começou uma das fases mais intensas emocionalmente: a espera pelo cultivo embrionário.

Durante os próximos dias, eu recebi atualizações da clínica como se fossem boletins de guerra. Cada ligação podia trazer alívio ou preocupação. É impossível explicar o quanto a gente se apega a cada célula que cresce. A cada embrião que sobrevive mais um dia. A cada avanço microscópico que representa um mundo inteiro.

Lembro de uma das ligações mais marcantes: dois embriões estavam se desenvolvendo bem até o quinto dia — o estágio ideal para a transferência. E naquele instante, foi como se eu já os conhecesse. Como se já fossem parte de mim.

Essa etapa me fez enxergar a fragilidade e, ao mesmo tempo, a potência da vida. Tudo acontece fora do nosso corpo, num laboratório — mas o coração da gente continua lá, grudado naquelas placas de cultura, torcendo como se estivesse no campo de batalha.

É um misto de ciência e fé. De precisão médica e entrega emocional. E por mais tecnológico que seja o processo, não tem nada mais humano do que esse sentimento: o de querer gerar amor.


Etapa 5: A transferência embrionária

Chegou o dia. O dia em que um pedacinho do meu sonho voltaria para dentro de mim.
A transferência embrionária é, para muitos, um procedimento simples e rápido. Mas para quem vive a FIV de dentro, ela é mágica. É o momento em que ciência e amor se encontram com um propósito maior.

Acordei cedo, arrumei tudo com calma e fui para a clínica com o coração na garganta. Mesmo depois de tantos exames, hormônios e ultrassons, era como se tudo estivesse começando ali. Eu sabia que aquele instante seria inesquecível.

Antes do procedimento, conversei com a embriologista e com a médica. Decidimos transferir um embrião em estágio de blastocisto, forte, bonito, com excelente desenvolvimento. O outro foi congelado — mais uma esperança guardada com carinho para o futuro.

Fui para a sala de transferência com o coração pulsando forte. Não senti dor, apenas um leve desconforto físico — mas a emoção tomava conta de tudo. Na tela do monitor, vi o embrião entrando no meu útero. E naquele instante, eu chorei. Chorei como quem reencontra algo que sempre esteve destinado a ser seu.

Saí da sala sentindo que algo muito especial tinha acontecido. Não havia certeza, não havia garantia — mas havia fé. Uma fé silenciosa, que me dizia: agora é com a vida.

Depois da transferência, comecei a famosa “beta espera” — os dias que se arrastam entre a transferência e o exame de sangue que confirma se houve implantação. A recomendação era seguir com calma, manter repouso relativo e não se estressar. Mas, mamys, vamos falar a real? Isso é quase impossível. Cada sensação no corpo vira suspeita. Cada dia que passa é uma eternidade.

Mas eu me agarrei ao que senti naquela sala. Àquele momento mágico em que o embrião voltou pra mim. E isso me manteve firme.


A espera pelo resultado: o período mais tenso

A gente chama de “beta espera”, mas podia muito bem se chamar “prova de fogo”. São cerca de doze dias entre a transferência do embrião e o exame de sangue que vai dizer, com todas as letras, se o positivo veio ou não. Só que ninguém te prepara para o que é viver cada um desses dias.

É como se o tempo parasse. Tudo o que acontece no seu corpo vira um sinal. Uma cólica? Pode ser nidação! Um escape? Será menstruação chegando? Dor nos seios, sono excessivo, uma pontadinha na barriga… cada sensação vira um capítulo de investigação.
E no meio disso tudo, a ansiedade cresce como uma avalanche silenciosa.

Confesso que chorei em vários desses dias. Chorei de medo. Chorei de esperança. Chorei porque estava exausta emocionalmente. Cada vez que meu coração se animava, vinha um pensamento tentando me proteger: “não crie expectativa, pode não ser dessa vez.” E isso dói. Porque a gente quer acreditar, mas tem medo de desmoronar.

Evitei fazer testes de farmácia — me prometi esperar até o exame oficial. E essa escolha, por mais difícil que tenha sido, me ajudou a não criar confusão entre falsos negativos e falsas esperanças.

Nesse período, tentei me cercar de tudo que me fazia bem: assisti filmes leves, li livros inspiradores, evitei redes sociais e foquei na minha respiração. Rezei. Conversei com o embrião. Agradeci por ele estar ali, independente do resultado.

O mais difícil é que, por fora, ninguém vê. Mas por dentro… por dentro a alma está em suspense. E é por isso que, se você está nessa fase agora, eu te digo com todo carinho: se permita sentir tudo. Não tente ser forte o tempo todo. E, acima de tudo, não se culpe por nada.

Essa espera passa. E quando ela passa, vem a resposta. Que pode ser sim. Pode ser não. Mas seja qual for, você já foi gigante por ter chegado até aqui.


O dia do positivo

Chegou o dia. Acordei com o coração disparado, como se meu corpo já soubesse que algo grandioso estava prestes a acontecer. Fui até o laboratório com as mãos suando e o pensamento preso numa única palavra: positivo.

Fiz o exame de sangue e voltei pra casa em silêncio. Aquela espera de algumas horas parecia mais longa do que todos os 12 dias anteriores. Eu andava pela casa como quem espera por um milagre, tentando não criar expectativas… mas já sonhando com ele.

Quando o telefone tocou, parei. Fechei os olhos. Respirei fundo. Atendi.

E então ouvi:
“Parabéns! Seu beta hCG está positivo. E está alto.”

Eu não consegui falar. Só chorei. Chorei com o corpo todo. Chorei com uma força que eu nem sabia que tinha guardada dentro de mim. Era como se todas as dores, todos os exames, todas as injeções, todos os medos tivessem finalmente se transformado em algo: vida.

Sim, deu certo. Aquela sementinha plantada com tanto cuidado, amor e ciência agora crescia dentro de mim. Eu estava grávida.

Liguei para meu parceiro, para minha mãe, para a médica. Cada vez que eu dizia em voz alta “deu positivo”, a emoção se renovava. Não era um sonho. Era real. Era meu.

Mas junto com a felicidade, vieram os cuidados. Repeti o exame dias depois, fiz o primeiro ultrassom, comecei o acompanhamento rigoroso. Porque quem passa por FIV sabe: o positivo é o começo de outra jornada — igualmente linda e desafiadora.

Naquela noite, dormi com a mão na barriga, mesmo sabendo que era cedo. Falei com meu bebê em pensamento. Agradeci. E repeti, baixinho, como um mantra:
“Você é muito amado. Você foi muito esperado. Obrigada por ter vindo.”


Conclusão: o que aprendi com a jornada da FIV

Olhar para trás agora, com meu positivo nas mãos e no coração, é como ver uma montanha que escalei com os olhos fechados, guiada apenas pela fé.

A FIV me ensinou coisas que nenhuma cartilha, nenhum exame ou protocolo médico conseguiria ensinar. Aprendi que ser mãe começa muito antes do bebê chegar — começa no primeiro passo que damos em direção ao nosso sonho, mesmo quando estamos morrendo de medo.

Aprendi que vulnerabilidade não é fraqueza — é coragem pura. É continuar mesmo quando o corpo dói, a alma cansa e o futuro parece incerto.
Aprendi que cada lágrima tem valor, que cada picada vale a pena, e que cada pequena vitória no caminho merece ser celebrada.

Mas, acima de tudo, aprendi que não estamos sozinhas. Existem milhares de mulheres vivendo essa mesma jornada, mesmo que em silêncio. Mulheres fortes, determinadas, sonhadoras — como você.

Se você está no começo desse caminho, ou se já está no meio dele, eu quero que você saiba: a sua dor é válida, a sua luta é digna, e o seu sonho é possível.
A ciência está aí como ferramenta, mas o amor é o que move tudo. E ele é mais forte do que qualquer estatística.

A FIV foi, sim, uma das maiores batalhas da minha vida. Mas também foi o maior presente que eu poderia ter recebido: a chance de não desistir de mim mesma. A chance de acreditar de novo. A chance de dizer, com o coração cheio: valeu a pena.


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