Como iniciar um processo de adoção no Brasil: passo a passo completo e atualizado

Adoção é, antes de tudo, uma escolha de amor. Uma forma legítima, consciente e transformadora de construir uma família. É também um ato de coragem — tanto por parte de quem deseja adotar, quanto da criança que será acolhida. No Brasil, o número de pessoas interessadas em adotar tem crescido, mas junto com esse desejo, ainda surgem muitas dúvidas sobre como funciona o processo legal para adotar uma criança ou adolescente.

Adotar é um ato de amor, mas também exige informação, preparo e responsabilidade.
Por isso, conhecer o caminho certo desde o início é fundamental para que essa jornada seja vivida com mais tranquilidade e segurança emocional.

Se você está pensando em adotar, este artigo é pra você. Aqui, reunimos um passo a passo completo e atualizado sobre como iniciar o processo de adoção no Brasil, desde os requisitos legais até a habilitação, o estágio de convivência e a decisão final do juiz.

Vamos juntas entender como esse processo funciona — e como dar o primeiro passo com consciência, acolhimento e muita esperança no coração. 💛


Quem pode adotar no Brasil?

Ao contrário do que muitos pensam, o processo de adoção no Brasil é mais acessível do que parece — e não está restrito a casais casados ou pessoas com grande poder aquisitivo. A lei brasileira valoriza o vínculo afetivo, a responsabilidade e a estabilidade emocional e social de quem deseja adotar.

Veja abaixo os principais requisitos legais:

✅ Ter mais de 18 anos

Você pode iniciar o processo de adoção a partir dos 18 anos de idade, desde que tenha pelo menos 16 anos de diferença em relação à criança ou adolescente que deseja adotar.

✅ Casais ou pessoas solteiras podem adotar

Não é necessário ser casado ou estar em um relacionamento estável. Pessoas solteiras, divorciadas ou viúvas também podem adotar. O que importa é a capacidade de oferecer um ambiente seguro e amoroso.

✅ Não é obrigatório ter filhos biológicos

A adoção é para quem deseja ser mãe ou pai — independentemente de já ter ou não filhos. Famílias com ou sem filhos biológicos são igualmente bem-vindas no processo.

✅ Ter condições de sustento, mas não precisa ser rico

Você não precisa comprovar grande renda ou ter casa própria, mas sim demonstrar que tem estabilidade financeira mínima para garantir o bem-estar da criança.

✅ Não ter antecedentes criminais graves

Durante o processo, são solicitadas certidões negativas criminais. A intenção é garantir que a criança será acolhida em um ambiente seguro, livre de riscos ou violência.

Esses são os primeiros critérios para que uma pessoa ou casal possa ser habilitado à adoção no Brasil. E o mais importante: não existe um “modelo ideal” de família. O que a Justiça busca são lares reais, com afeto, estrutura e disposição para acolher de forma permanente.


Tipos de adoção no Brasil

A adoção no Brasil segue regras estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e sempre tem como objetivo principal garantir o direito da criança a crescer em um ambiente seguro, afetuoso e permanente.

Ao iniciar o processo, é importante entender que existem diferentes tipos de adoção dentro do sistema legal. Cada uma tem suas particularidades, e conhecer essas variações pode ajudar você a refletir sobre qual perfil de criança ou adolescente está disposta(o) a acolher.

👶 Adoção legal por meio da Vara da Infância e Juventude

É a forma correta, segura e juridicamente válida de adotar no Brasil.
Todo o processo ocorre com acompanhamento do Ministério Público e do Judiciário, garantindo os direitos da criança e da nova família.
Essa é a única forma reconhecida como legítima.

🧒 Adoção tardia

Refere-se à adoção de crianças maiores (geralmente a partir dos 4 anos) ou adolescentes.
Apesar de menos procurada, é uma forma poderosa de construir laços verdadeiros — e muitas vezes com menos tempo de espera na fila.
Essas crianças desejam (e merecem) uma nova chance de amar e ser amadas.

👨‍👩‍👧‍👦 Adoção de grupos de irmãos

Muitas crianças e adolescentes estão disponíveis para adoção apenas junto com seus irmãos.
A Justiça busca manter esses laços familiares sempre que possível.
Famílias abertas a acolher mais de uma criança podem encurtar o tempo de espera e oferecer uma estrutura emocional ainda mais segura.

🌈 Adoção por famílias homoafetivas

Desde 2010, casais homoafetivos têm o direito legal de adotar no Brasil, com as mesmas exigências aplicadas a qualquer outro pretendente.
O que importa é a capacidade de cuidar, amar e oferecer estabilidade — independentemente da estrutura familiar.

🌍 Adoção internacional (breve menção)

Quando não há pretendentes brasileiros para determinada criança ou grupo de irmãos, o sistema pode autorizar a adoção internacional, respeitando acordos legais com outros países.
Esse processo é mais complexo e raramente é o primeiro caminho indicado a brasileiros residentes no país.


Passo a passo para iniciar o processo de adoção no Brasil

Iniciar um processo de adoção pode parecer desafiador, mas quando você entende cada etapa com calma, tudo fica mais leve e possível. A seguir, você confere o passo a passo oficial e atualizado, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), gerido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ):

1. Procure a Vara da Infância e Juventude da sua cidade

É lá que tudo começa.
Você será orientada sobre os documentos necessários e o funcionamento do processo de habilitação para adoção.
Cada comarca pode ter pequenas variações nos prazos, mas o caminho é o mesmo.

2. Faça sua inscrição como pretendente à adoção

Essa é a etapa em que você formaliza sua intenção de adotar.
Será necessário preencher um formulário e apresentar documentos como:

  • RG e CPF
  • Comprovante de residência
  • Comprovante de renda
  • Certidões negativas criminais e cíveis
  • Atestado de sanidade física e mental
  • Fotos da residência

3. Participe do curso preparatório obrigatório

Esse curso é oferecido pela Vara da Infância e é essencial para ajudar os pretendentes a entender:

  • Aspectos legais da adoção
  • Realidades emocionais da criança adotada
  • Desafios e responsabilidades do processo
    É um momento rico de reflexão, troca e amadurecimento.

4. Passe por entrevistas com psicólogos e assistentes sociais

Essa fase é chamada de estudo psicossocial.
Você (ou seu casal) será avaliado em aspectos como:

  • Motivação para adotar
  • Expectativas em relação à criança
  • Estrutura emocional e familiar
  • Capacidade de oferecer afeto, limites e estabilidade

5. Receba uma visita domiciliar

Um profissional da Vara da Infância irá até sua casa para verificar se o ambiente é seguro, acolhedor e compatível com o perfil de adoção desejado.
Não precisa ser um lar perfeito — apenas real e preparado para acolher com amor.

6. Seja incluída(o) no Sistema Nacional de Adoção (SNA)

Após a aprovação do estudo psicossocial e da visita, você será habilitada como pretendente à adoção e cadastrada no SNA, sistema que cruza os perfis de crianças e famílias em todo o Brasil.

7. Aguarde o perfil compatível

Essa é a fase mais desafiadora: a espera.
O tempo varia conforme o perfil da criança desejada (idade, número de irmãos, estado de saúde, etc.).
Perfis mais flexíveis costumam reduzir o tempo de espera.

8. Inicie o processo de aproximação e estágio de convivência

Quando uma criança compatível é identificada, começa um processo gradual de aproximação, com encontros, visitas e acompanhamento técnico.
Se tudo correr bem, o juiz autoriza o estágio de convivência (a criança passa a morar com você sob acompanhamento da equipe técnica).

9. Receba a sentença de adoção e a nova certidão de nascimento

Após o período de convivência e parecer positivo da equipe, o juiz emite a sentença de adoção definitiva.
A criança recebe nova certidão de nascimento, onde você será registrada como mãe/pai legal.


Quanto tempo leva o processo de adoção?

Essa é uma das perguntas mais comuns entre quem deseja adotar — e também uma das mais difíceis de responder com exatidão. Isso porque o tempo de espera depende de vários fatores, especialmente do perfil da criança ou adolescente que a família está disposta a acolher.

🕰️ O que influencia na duração do processo?

  • Perfil da criança desejada: quanto mais restrito o perfil (idade específica, sem irmãos, sem problemas de saúde), maior o tempo de espera.
  • Número de pretendentes na fila: algumas regiões têm muitas famílias habilitadas e poucas crianças com aquele perfil.
  • Agilidade da comarca: o ritmo do processo pode variar de acordo com a estrutura e equipe da Vara da Infância da sua cidade.
  • Disponibilidade emocional da família: famílias abertas a adoção tardia ou de grupos de irmãos tendem a vivenciar o processo mais rapidamente.

📊 Estimativas gerais (podem variar bastante):

  • Para crianças de 0 a 2 anos, sem irmãos e sem comorbidades, o tempo de espera pode ultrapassar 5 anos.
  • Para crianças a partir de 5 ou 6 anos, com irmãos ou necessidades especiais, o tempo de espera costuma ser significativamente menor.

💛 E durante a espera?

A espera pode ser difícil — mas também pode ser um tempo de preparo.
Você pode:

  • Participar de grupos de apoio à adoção
  • Continuar estudando sobre parentalidade adotiva
  • Cuidar do seu emocional com ajuda terapêutica
  • Reavaliar o seu perfil, se necessário

Lembre-se: não se trata de preencher um espaço vazio em você — mas de acolher um ser com história, identidade e necessidades reais.


Dicas para quem está começando a jornada da adoção

Começar o processo de adoção é entrar em um caminho de amor, entrega e transformação. Mas também é um percurso cheio de aprendizados, ajustes internos e emocionais. Aqui vão algumas dicas preciosas para te ajudar a viver essa experiência de forma mais leve, consciente e fortalecida:

💛 1. Esteja aberta ao processo (e ao que ele vai te ensinar)

Você pode começar com muitas certezas, mas o processo vai te convidar a refletir, questionar e ampliar o olhar.
Permita-se aprender, mudar de ideia e crescer no caminho.

🧠 2. Prepare-se emocionalmente

A adoção envolve amor — mas também exige maturidade, paciência e muita escuta.
Buscar acompanhamento psicológico, terapia de casal (se for o caso) ou grupos de apoio pode fazer toda a diferença.

🗣️ 3. Converse com outras famílias adotivas

Ouvir quem já passou pelo processo ajuda a quebrar idealizações e traz aprendizados reais.
Cada história é única, mas trocar experiências traz acolhimento e força.

🤍 4. Reflita sobre o perfil da criança que deseja acolher

Mais do que “escolher uma criança”, é sobre se preparar para acolher alguém com uma história anterior à sua chegada.
Amplie, se possível, suas possibilidades. Muitas vezes, o que parecia um “não” no início se transforma num “sim” cheio de sentido depois do preparo.

🧭 5. Vá com o coração aberto, mas os pés no chão

A adoção é linda, mas também exige compromisso real.
Não é sobre resgatar uma criança, mas sobre formar vínculos verdadeiros e permanentes com alguém que também carrega marcas e sentimentos.


Conclusão

A adoção é um dos caminhos mais profundos, verdadeiros e transformadores para formar uma família. Não é um atalho — é uma travessia. E como toda travessia, ela exige coragem, paciência e, acima de tudo, amor.

Ao longo deste artigo, você conheceu o passo a passo para iniciar um processo de adoção no Brasil, entendeu os requisitos legais, os diferentes tipos de adoção e as etapas que compõem essa jornada.
Mas, mais do que burocracia, a adoção é sobre pessoas. Sobre histórias que se cruzam para recomeçar.

É um caminho de entrega — mas também de reconstrução.
De encontros — mas também de escuta.
De amor — mas também de compromisso real com o que significa ser mãe ou pai de verdade.

Adotar é dar e receber uma nova chance de recomeçar com amor.
E esse amor começa muito antes da sentença: começa no desejo, na escolha, na preparação.

Se esse é o seu caminho, que ele seja trilhado com consciência, apoio e coração aberto.
Você não está sozinha.


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